terça-feira, 20 de março de 2012

Escola Artística de Soares dos Reis - Porto

https://www.essr.net/index.php

A actual Escola Secundária Artística de Soares dos Reis foi criada oficialmente em Janeiro de 1884, sendo designada nessa altura como Escola de Desenho Industrial de Faria de Guimarães do Bonfim. A sua actividade iniciou-se um ano mais tarde em instalações precárias de um prédio de habitação no Campo 24 de Agosto. Em 1887, surge a intenção de construir um edifício destinado à Escola que, entretanto, muda o nome para Escola Industrial Faria de Guimarães. Mas o edifício construído será entregue ao Asilo das Raparigas Abandonadas, mantendo-se a escola no antigo prédio.

Em 1917, a escola recebe ordem de despejo e como recurso para continuar as suas actividades, ocupa as antigas instalações do Liceu Alexandre Herculano, na Rua de Santo Ildefonso, onde os alunos se amontoavam nas piores condições e se aproveitava o espaço desde as águas furtadas atá às caves.

Após quatro décadas de esforços, só em 1927 é autorizada a compra de uma velha fábrica de chapéus, na Rua Firmeza, 49, onde será instalada a Escola depois de algumas obras de adaptação às novas funções. Quase trinta anos mais tarde, em 1955, inaugura-se a ampliação das instalações já adequadas ao ensino e, posteriormente, expropriam-se terrenos contíguos para alargar a Escola ao longo da Rua D. João IV. O edifício actual tem a configuração que esta época definiu.

Quanto a programas e cursos ministrados, a escola acompanha e reflecte as transformações sociais e políticas que caracterizam a sociedade portuguesa do século passado.

Nos primeiros quarenta anos o ensino dirige-se à formação da classe trabalhadora, primeiro apenas a operários e mais tarde a filhos de trabalhadores sem actividade profissional.

Faculta Cursos de Desenho Elementar e Industrial: Pintor, Decorador, Tecelão, Formador e Estucador, e ainda Cursos Complementares de Cinzelagem, Marceneiro, Gravador em Aço, Ourives, Entalhador, Pintor Decorador e Tecelão-Debuxador destinados exclusivamente ao sexo masculino. Para a população feminina foram criados os cursos de Lavores Femininos, Costureira de Roupa Branca, Bordadora-Rendeira, Modista de Chapéus e Modista de Vestidos. Um ano mais tarde é Criado o Curso de Habilitação à Escola de Belas Artes.

A partir da publicação do Estatuto do Ensino Técnico Profissional, em 1948, a Escola agora denominada Escola de Artes Decorativas de Soares dos Reis, passa a ministrar cursos especializados de índole artística - Pintura Decorativa, Escultura Decorativa, Cerâmica Decorativa, Mobiliário Artístico, Cinzelador, Gravador de Cobre, Bronze e Aço, e começa a desenvolver-se a área de Artes Gráficas com o curso de Desenhador Gravador Litógrafo.

Com a reforma do ensino secundário em 1972/73, introduzem-se os Cursos Gerais e Complementares de Artes Visuais, incluindo Artes dos Tecidos, Equipamento e Decoração, Artes do Fogo, Artes Gráficas e Imagem.

Após o 25 de Abril suprimem-se os Cursos Gerais que são substituídos pelo Curso Unificado de 7º, 8º e 9º anos. A escola passa a designar-se Escola Secundária de Soares dos Reis, à semelhança de todas as outras, em consequência do desaparecimento da distinção entre ensino liceal e técnico.

A publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo, em Outubro de 1986, abre a possibilidade de criação de estabelecimentos especializados, o que permite iniciar um processo que conduzirá à aprovação do Estatuto de Escola Especializada de Ensino Artístico e à elaboração de programas, projecto pedagógico, equipamentos e organização de espaços que visam a transformação da frequência para Cursos Complementares de nível secundário.

Como Escola Especializada de Ensino Artístico, a Soares dos Reis está vocacionada para o ensino e a prática das artes visuais e oferece actualmente quatro cursos artísticos especializados - Curso de Comunicação Audiovisual, Curso de Design de Comunicação, Curso de Design de Produto e Curso de Produção Artística. Estes quatro cursos, exclusivamente dirigidos para o nível de estudos secundários, decorrem em três anos -10º,11º e 12º- e funcionam em regime de frequência diurna e nocturna. Estão orientados numa dupla perspectiva: o prosseguimentos de estudos em cursos de especialização tecnológica ou de ensino superior (universitário ou politécnico) e a inserção no mundo do trabalho.

Os saberes e as aprendizagens dos alunos são orientados por uma equipa de professores com formação e preparação pedagógica específica na área das artes e por docentes de técnicas especiais nas diversas áreas tecnológicas que constituem um valioso património para a qualidade de ensino da Soares dos Reis.

Maria José Quintela - "Um olhar não basta"

Maria José Quintela - "Um olhar não basta"

segunda-feira, 19 de março de 2012

Presidente da República inaugurou Centro Escolar de Mesão Frio - ATUALIDADE - PRESIDENCIA.PT








Presidente da República inaugurou Centro Escolar de Mesão Frio
O Presidente da República visitou o município de Mesão Frio, tendo sido recebido nos Paços do Concelho e inaugurado o novo Centro Escolar local, cujas instalações percorreu, proferindo depois uma intervenção.
Na sessão de inauguração do Centro Escolar foi prestada homenagem ao autarca e professor António da Natividade, cujo nome foi dado ao novo arruamento existente nas proximidades do novo estabelecimento de ensino.

Cultura - Arte - Educação



quinta-feira, 15 de março de 2012

Colégio Salesiano de Poiares - Criar Laços...



A minha escolha, a minha escola

Recordo o momento da minha adolescência em que escolhi que queria ser professor. Como fui feliz e quanto me ajudaram alguns professores na construção e concretização desse sonho!
Concluída a minha formação, lecionei os primeiros anos em várias escolas públicas estatais.
De escola em escola, sempre fui um apaixonado por esta missão de educar. Fascinavam-me os jovens. Estar com os jovens, para além da missão de lhes transmitir a minha humilde sabedoria, constituía a possibilidade de poder partilhar vidas! Senti, desde o primeiro momento, que eu também só seria feliz assim: no meio dos jovens. Vinha cheio de iniciativa, de vontade de colocar os meus dons ao seu serviço. Sabia quão importante seria descobrir os seus talentos, para que os desenvolvessem e para que sentissem urgentemente que a escola era um espaço privilegiado capaz de os levar para um mundo grandioso, muito para além do que aparecia escrito nos manuais escolares.
Adorava passar o intervalo com os alunos, apesar das críticas de alguns “Velhos do Restelo”. Quase sempre vestido de fato e gravata, pousava a pasta na sala de professores (quando tinha tempo para isso) e ia para o recreio conversar ou jogar futebol com os alunos. Ali não havia professor e aluno. Ali estavam os amigos.
Em poucos anos, percebi que eu não estava no lugar certo. Continuava firme na minha paixão e intenção de educar os jovens, porém faltava conhecer a escola que me ajudasse a cumprir o meu sonho e me tornasse ainda mais feliz.
Nunca imaginei que a escola dos meus sonhos estivesse tão perto de mim: a apenas 20 km. de distância da minha cidade – Lamego.
Bastou um mês no Colégio Salesiano de Poiares para eu ter a certeza que tinha descoberto a escola, a casa, a família que me proporcionaria ser feliz e fazer os outros felizes. Porquê? O que tem de especial?
Tive uma educação marcadamente cristã. Uma família que me transmitiu valores e me educou na fé. Cresci ligado a um grupo de jovens, um movimento cristão, e lá fiz amizades, descobri e desenvolvi os meus talentos, vendo as minhas competências serem cada vez mais alargadas. Este parágrafo é importante para explicar o que, provavelmente, só se explica vivendo.
Retomando o primeiro mês de lecionação no Colégio, aqui encontrei a escola onde a educação se concretiza no lema “formar bons cristãos e honestos cidadãos”. Aqui “educa-se evangelizando e evangeliza-se educando”. Há um sentido, um porquê, um caminho a percorrer.
Passaram-se vários anos e hoje sou feliz, porque pude escolher.
Cada escola tem o seu projeto educativo. O Colégio Salesiano de Poiares tem um projeto de valores muito concreto, há uma identidade e um carisma. Falo de uma herança pedagógica legada pelo Pai e Mestre da juventude, S. João Bosco.
Tal como aconteceu comigo, quando cheguei a esta escola, assim vem acontecendo com muitos alunos. Por isso, já não me surpreendo quando os pais me dizem, decorridos os três primeiros meses nesta escola: “o que é que fizeram ao meu filho? Ele parece outro!”
Trabalhamos arduamente, para que chegue o dia em que possamos ouvir dos alunos e das suas famílias, terminado o seu percurso nesta escola: “foi bom ter escolhido este projeto”.
Da nossa parte ficará a certeza do dever cumprido.






In Testemunho do Diretor Pedagógico Paulo Silva


"O Homem da Nuvem Escura" foi escolhido para integrar a selecção de livros que representam Portugal na Feira do Livro de Bolonha


É com prazer que Vos informamos que o livro “O Homem da Nuvem Escura”, texto de Inês Vinagre (Prémio Jovens Criadores, Prémio Ferreira de Castro), com ilustrações de Sebastião Peixoto (capa em anexo) foi escolhido para integrar a selecção de livros que representam Portugal (país convidado) na Feira do Livro de Bolonha, o maior certame do Mundo no género.
             
A 1ª edição de “O Homem da Nuvem Escura” esgotou em três meses, constituindo um êxito editorial notável, estando a 2ª. perto de esgotar, estando já prevista uma reedição.

Este livro é aconselhado pela “Casa da Leitura”.


quarta-feira, 14 de março de 2012

Um chá não toma um Xá...




O livro “Um chá não toma um Xá…”, de Sérgio Guimarães de Sousa, com ilustrações de Ângela Vieira mereceu uma referência positiva no último número do “JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias”.

A Opera Omnia é uma Editora consciente de que a Cultura é um organismo vivo, logo plural e em constante evolução, procurando consequentemente trazer para a edição autores da actualidade que entenda como produtores que se enquadram na sua filosofia, que é uma filosofia de abertura perante as diversas leituras do Homem e do Mundo. É assim que inclui no seu catálogo autores, obras e géneros muito dissemelhantes, num arco que vai da literatura infanto-juvenil ao ensaísmo, passando pela ficção, pela poesia, pelo património e pelos álbuns ilustrados, não esquecendo ainda, nas diversas disciplinas, a tradução.
A Opera Omnia procura ainda revalorizar para a actualidade editorial todo um acervo de autores e de obras que, inexplicavelmente, vêm sendo alienados.




Centro Municipal de Marcha e Corrida de Lamego



18 de Março - Percurso Pedestre Rota das Aldeias Perdidas
25 de Março - Percurso Pedestre Rota das Cerejeiras em Flor
26 de Março - Convida a Caminhar na Freguesia de Figueira
31 de Março - Peddy Papper - Roteiro às Adegas

Centro Municipal de Marcha e Corrida de Lamego
http://www.cml-marchacorrida.org/


terça-feira, 13 de março de 2012

Magueija, uma aldeia beirã do fim do século XIX a meados do século XX.


Autor:
Título:
Publicação:
[S.l. : s.n.]
Nº do Depósito Legal:
PT|316425/10
Assuntos:
CDU:
Cota:
0-9-13 BMC 605712
Tipo de documento:
Texto impresso
País de publicação:
Portugal

Outro(s) autor(es) :


Livro sobre o passado de Magueija
Uma aldeia beirã do fim do século XIX a meados do século XX.
Subsídios para a fixação da memória da freguesia.

sábado, 3 de março de 2012

Corino de Andrade


Ao Prof. Corino de Andrade
Perguntei: - «Quando morre um seu amigo,
que lembra dele nos primeiros dias?»
Fixou bem os meus olhos
E respondeu-me sem hesitação
numa palavra súbita: - «CONVIVO». Armando Pinheiro

Mário Corino da Costa Andrade, uma das figuras cimeiras da neurologia portuguesa do séc. XX faleceu dia 16 de Junho de 2005. O seu estro, as suas descobertas, a sua excelência de vida e obra mereceram divulgação a nível mundial. Considerado como um dos mais destacados neurologistas portugueses, foi o primeiro investigador a identificar e a tipificar cientificamente a paramilóidose (chamada Polineuropatia Amiloidótica Familiar) e um dos principais impulsionadores da criação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS). O funeral do investigador teve lugar dia 18 de Junho 2005, saindo às 11h30 do ICBAS para o Cemitério do Prado do Repouso - Porto, onde foi cremado. Tinha completado 99 anos no dia 10 de Junho de 2005. Recordamos hoje, com eterna saudade, um grande cientista que, para além de ter centrado a sua actividade na área da neurologia, foi também um apreciador de cultura, arte e educação. Quem com ele conviveu sabe que a sua dimensão humana de espaço e valores sempre o acompanharam, assim como o seu espírito exigente e insaciável do conhecimento. Como um cidadão de reconhecida intervenção cívica não escapou à polícia política (PIDE) do Estado Novo, que lhe moveu perseguições, no início da década de 1950, pelas suas convicções democráticas. Corino de Andrade foi um homem de profundas reflexões, registou alguns pensamentos humanistas que nos ajudam a olhar a vida de uma forma interrogativa: «Sempre tive a preocupação de procurar sonhar mas, ao mesmo tempo, reduzir o sonho à sua exequibilidade», «A saúde pública é um capital da Nação, que esta tem o dever de vigiar e auxiliar com o mesmo carinho e zelo com que protege todas as suas outras riquezas. A saúde dos povos interessa às nações, pois sem os homens fortes de alma e corpo estas não podem suportar os esforços que a história lhes impõe», «Sempre me interessou o conhecimento e a colaboração com os outros. Conhecimento e solidariedade são os dois vectores máximos da minha vida» Corino de Andrade.
A sua actividade científica mereceu várias distinções no percurso da sua vida, entre as quais o Grau de Grande Oficial de Santiago de Espada (1979), a Grã-Cruz da Ordem de Mérito (1990), o Grande Prémio Fundação Oriente de Ciência e, em 2000, o Prémio Excelência de Uma Vida e Obra da Fundação Glaxo Wellcome. Homenageado e condecorado pela Presidência da República, Corino de Andrade, médico-cientista-neurologista, sempre foi um homem simples, com uma enorme grandeza - a sua alma. Considerado Personalidade da Ciência do Porto Capital da Cultura 2001, apresentou-se sempre como um homem convicto da sua missão. Em 2002, numa primeira edição promovida pela Fundação GlaxoSmithKline das Ciências de Saúde, foi apresentada a obra “Corino Andrade: Excelência de uma Vida e Obra”, de autoria da jornalista Maria Augusta Silva. Muitos foram os vultos da cultura e da ciência que com ele comungaram o saber e o conhecimento. Como um Homem de temperamento decidido e pertinaz ficará para a posteridade a tenacidade e o altruísmo do seu carácter. (pesquisa)

hojeacontecexxi@gmail.com

Bibliotecas Escolares Entre a Expectativa e a Realidade

Não é só em termos históricos que a Biblioteca cruza o seu destino com o da Escola mas também em termos conceptuais e sistemáticos. Espaço de protecção do saber, também grande armazém de aprendizagem, espaço ordenado com vista à leitura, ao estudo, à sociabilidade entre gerações, toda a biblioteca tende a ser uma Escola. O conceito de biblioteca é um conceito dinâmico; passando de uma caixa onde se guardavam livros a «uma colecção organizada de livros e de publicações em série e impressos ou de quaisquer documentos gráficos ou audiovisuais, disponíveis para empréstimo ou consulta» (Magalhães, 1994) ou «um organismo ou parte de uma organização cujo objectivo principal é organizar colecções, actualizá-las e facilitar através do pessoal especializado, o acesso a documentos que respondam às necessidades dos utilizadores, nos aspectos de informação, educação e lazer» (Faria, 1988) ou, ainda, «uma instituição organizada de livros impressos e revistas ou de qualquer classe de material gráfico ou audiovisual, seus materiais segundo as necessidades de informação, investigação, educação e recreação dos seus utilizadores. Uma biblioteca é uma instituição que sabe as necessidades informativas da sociedade, exercitá-las quando é preciso» (UNESCO, 1994). Veiga et al., entendem por biblioteca escolar «o espaço e os equipamentos onde estão armazenados todos os tipos de documentos de informação que fazem parte dos recursos pedagógicos a serem utilizados em actividades lectivas, ocupação de tempos livres e de lazer». De acordo com este conceito, a biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo. Ela é essencial a qualquer estratégia a longo prazo nos domínios da literacia, educação, informação e desenvolvimento económico, social e cultural. Sendo da responsabilidade das autoridades locais, regionais ou nacionais, a biblioteca escolar deve ser apoiada por legislação e políticas específicas. Deve ter meios financeiros suficientes para assegurar a existência de pessoal com formação, documentos, tecnologias e equipamentos e ser de utilização gratuita. As bibliotecas escolares são geralmente reconhecidas como sendo um elemento fundamental de dois sistemas de um país: o sistema educativo e o sistema de informação. No entanto há quem afirme que têm sido e continuam a ser o parente mais pobre do conjunto de bibliotecas do país. Organizações internacionais de grande prestígio como a UNESCO e a IFLA têm-se debruçado sobre este tema e, ao longo dos últimos quinze anos, produzido um importante conjunto de estudos e documentos. Dois dos mais importantes documentos são o Manifesto da Unesco sobre Mediatecas Escolares e os Princípios Orientadores para o Planeamento e Organização de Bibliotecas Escolares. Estes documentos constituem hoje um corpo teórico essencial para o desenvolvimento dos serviços de bibliotecas escolares em qualquer país. «A biblioteca escolar proporciona informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade actualmente baseada na informação e conhecimento» (Manifesto da Biblioteca Escolar). A biblioteca escolar desenvolve nos alunos competências para a aprendizagem ao longo da vida e estimula a imaginação permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis. Numa sociedade de informação, em que alguns dizem já estarmos a viver, onde os maiores problemas de quem lida com a informação são como recolher, organizar, sistematizar e tornar acessíveis milhões de dados que diariamente são produzidos em todo o mundo, as bibliotecas têm um papel fulcral no nosso sistema de ensino e são cada vez mais chamadas a desempenhar novos papéis. Reconhecendo lacunas existentes neste domínio, os Ministérios da Educação e Cultura lançaram o programa «Rede de Bibliotecas Escolares» com a pretensão de criar bibliotecas actualizadas em todas as escolas do país. Essas bibliotecas, são concebidas como «centros de recursos multimédia de livre acesso, que englobem um conjunto significativo de livros, programas informáticos, periódicos, registos vídeo e áudio, diapositivos, CD-ROM, etc, dispondo de espaços e equipamentos onde são recolhidos e disponibilizados todos os tipos de documentos» (Alçada, 1996). Consideram-se as bibliotecas como espaços de promoção do livro ou relicários do conhecimento humano, locais de partilha cultural ou santuários da civilização, o certo é que elas se assumam, cada vez mais, como baluarte da vida democrática: “a biblioteca pública é a porta local de acesso ao conhecimento e à informação, proporcionando as condições básicas para uma aprendizagem contínua, para uma tomada de decisão e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais” (Manifesto da Unesco, 1972). Ao proporcionar fontes de conhecimentos e ao contribuir para a afirmação do indivíduo na comunidade, as bibliotecas assumem uma dupla finalidade, elas são simultaneamente factores de desenvolvimento cultural e social. Face à concorrência dos audiovisuais, o prazer da leitura pela leitura, fonte de descoberta e imaginação, tem vindo a perder gradualmente adeptos. O fenómeno da iliteracia, resultado de uma Escola em crise ou de uma sociedade que não corresponde com equipamentos culturais apelativos, evidencia-se hoje como preocupação social. É necessário que, ao mesmo tempo que se investe na educação, se criem condições para o desenvolvimento e integração das competências e dos conhecimentos que na Escola se adquirem para que não se corra o risco de gerar situações de retrocesso que poderão recair no “analfabetismo”, desperdício evidente de todo o investimento da comunidade na formação dos seus membros. Interessa pois conhecer o público utente das bibliotecas, público sem dúvida mais motivado para a leitura, e tentar perceber quais os seus interesses e necessidades para que se possam redefinir objectivos e adequar procedimentos, numa tentativa de o manter e de conquistar novos sectores da população. Os estudantes devem ser encaminhados para um aprender toda a vida, o que hoje é verdade, amanhã é posto em causa, como refere Umberto Eco, fazer com que a «Escola ensine para a Biblioteca», uma vez que o principal objectivo da biblioteca escolar é, hoje, «orientar os estudantes de modo a que estes aprendam a manusear a informação na sua vida futura». Cristina Correia*
*Professora Bibliotecária.

"Confronto" Memória de uma Cooperativa Cultural - Mário Brochado Coelho


Excertos do Prefácio
Joana Lopes
A década de 60 do século passado e os anos que se seguiram até ao 25 de Abril foram vividos com uma intensidade extrema, com grandes entusiasmos e dolorosas rupturas, corresponderam ao canto do cisne da ditadura sem que então o pudéssemos adivinhar, embora vivêssemos em permanente estado de alerta na esperança constantemente alimentada de que o fim do pesadelo não demoraria a acontecer. Vivemos esses tempos dia a dia, etapa a etapa, em pequenas lutas seguidas de outras por vezes ainda menores, mas tendo a certeza de que um dia acordaríamos num país livre onde poderíamos finalmente ter uma vida normal. (…)
Chego assim à Confronto e a este livro que é um resultado notável de um esforço que se adivinha ter sido hercúleo: a recolha sistemática de documentos e de testemunhos, que permitiu a reconstituição, detalhadíssima, da vida de uma instituição fulcral durante os seus seis anos da sua existência. (…)
Quando Mário Brochado Coelho me pediu para escrever este Prefácio, estranhei mas aceitei imediatamente, sem a mínima hesitação. À primeira leitura, entendi a razão do convite porque a fascinante história desta cooperativa, e de todo o contexto em que se inseriu durante os anos em que funcionou, revela a realidade, a Norte, de muito que se passou também em Lisboa e em que, pessoalmente, estive muito envolvida – com alguns desfasamentos no tempo, inevitáveis diferenças e uns tantos condicionalismos específicos. E dessa leitura resultou uma descoberta, impressionante e simultaneamente terrível: o desconhecimento que tinha de muito do que li, nomeadamente da tal teia de instituições com que a Confronto se articulou no Porto, muito diferente do paralelo que existia então em Lisboa. (…) E isto por algo que os mais novos realizarão muito dificilmente, por mais que tentemos explicar: o que era viver sem os meios de comunicação de que dispomos hoje, numa situação agravada pela existência da censura, num desconhecimento inevitável que tínhamos do que acontecia mesmo no Porto (sem que sequer valha a pena referir a ignorância praticamente total sobre o que se passava no resto do país…). Joana Lopes

Biografia de Mário Brochado Coelho
Nasceu a 2 Julho de 1939 em Vilar do Paraíso, Vila Nova de Gaia.
Estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra entre 1956 e 1962. Expulso por motivos políticos da Universidade de Coimbra pelo prazo de 30 meses, concluiu a licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Advogado de presos políticos nos Plenários Criminais do Porto e Lisboa, foi advogado do Sindicato dos Bancários do Norte, com intervenção na criação da Intersindical.
Advogado da acusação particular no caso do assassinato pelo MDLP do Padre Maximino de Sousa e da estudante Maria de Lurdes Correia – 1977/1999.
Membro coordenador do Tribunal Cívico Humberto Delgado – 1977/78.
Consultor jurídico, desde 1974, de inúmeras associações de moradores do Grande Porto. Consultor jurídico dos Serviços Municipalizados de Águas e saneamento, de 1982 a 2002. Provedor do cliente dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento do Porto, entre 2002 a 2006.
Foi eleito duas vezes como deputado municipal no Porto, em 1977 e 1981.
Agraciado em 2006 pelo Presidente da República com a Ordem da Liberdade.
Principais publicações (para além de colaborações na imprensa e em revistas):
-“Em defesa de Joaquim Pinto de Andrade”, Afrontamento, Porto, 1971
- “Uma farsa eleitoral – o caso do Sindicato Metalúrgico de Aveiro”, Afrontamento, Porto, 1973
- “Lágrimas de guerra”, Afrontamento, Porto, 1987 (diário)
- “Cinco passos ao sol”, Afrontamento, Porto, 1991 (poesia)- “A liberdade sindical e o quadro estatutário das associações sindicais”, CEJ/IGT, Coimbra Editora, 2004

hojeacontecexxi@gmail.com

Uma Antologia - Armando Pinheiro


Pé ante pé, virei depois sentar-me
junto de ti a conversar contigo
e a tua boca poderá beijar-me
como agora que sou um corpo vivo.

 E, docemente, poderás contar-me
de ti, dos filhos. E o que eu te digo
irás na mesma ouvindo, sem alarme,
e quase julgarás estar comigo.

Serei tua visita nas lembranças,
nos móveis, nos objectos, nas crianças,
nos pássaros, nas árvores, nos versos.

Tu, como quem arruma a casa, calma,
saberás encontrar a minha alma
reunindo os fragmentos mais dispersos.

Armando Pinheiro

"O Corpo vivo da poesia de Armando Pinheiro, tal como surge diante dos meus olhos de leitor de versos, organiza-se segundo duas marcas fundamentais: por um lado, o rigor e a autoconsciência e, por outro, a emoção dos sentidos e a emoção do pensamento, isto é "a vida toda num único poema": a vida da poesia ao mesmo tempo que a múltipla vida da própria vida. (…) Poeta das emoções (no complexo sentido que antes ficou esboçado), Armando Pinheiro é também um poeta do pensamento, e a conclusividade perplexa e sage é, do mesmo modo, outra das marcas centrais da sua poesia. O facto de ter resistido até tão tarde a publicar um livro é talvez um sinal da manifesta imperatividade interior desta poesia, a sua sábia e funda humildade sendo, pois, não afectação (nem sequer "fingimento sentido", como Pessoa diria), mas expressão de maturidade humana e intelectual, de vivida vida longamente acumulada na razão e no coração que, subitamente, pelo singular milagre da poesia, pode cristalizar num verso: "Quanto sol e quanta chuva são preciosos/ para amadurecer uma única uva!"". (Do Prefácio de Manuel António Pina) Uma Antologia de Armando Pinheiro.

hojeacontecexxi@gmail.com

Identidade Cultural Hoje

Temos a obrigação de salvar tudo aquilo que ainda é susceptível de ser salvo, para que os nossos netos, embora vivendo num Portugal diferente do nosso, se conservem tão portugueses como nós e capazes de manter as suas raízes culturais mergulhadas na herança social que o passado nos legou. DIAS, Jorge, citado por CABRAL, António (1983), Cancioneiro popular duriense, Centro Cultural de Vila Real, Centro Cultural de Vila Real, SCARL. p. 9.
Trás-os-Montes e Douro é um património de excelência, uma paisagem humanizada monumental, uma história singular ligada em grande parte às vicissitudes da viticultura, um ambiente humano, modos de vida, saberes, tradições e relações centradas na terra e no rio. São sobretudo documentos escritos, textos, romances, poesias de escritores, relatos orais, utensílios, objectos, fotografias, pinturas, enfim tradições, usos e costumes, que subjectivam a fronteira da cultura e a identidade desta região. Por exemplo, o sociólogo António Barreto, no seu livro Douro, caracterizou a região e a sua viticultura como um dos mais importantes pólos de modernização da economia e como uma das paisagens responsáveis por este clima excepcional no conjunto do Norte português: quem viaja no rio, de barco, ou na margem, de comboio, de carro (onde há estrada, o que nem sempre é verdade...) ou simplesmente a pé terá um sentimento estranho: o da falta de população, ou antes, de povoações. É verdade. As cidades, vilas e aldeias fugiram da beira rio. As notáveis excepções são da Régua e o Pinhão, que nasceram ligadas ao comércio do vinho e ao seu transporte fluvial. (...) A verdade é que as povoações e as cidades foram instalar-se nos altos, a 500 m, para fugir aos calores e às dificuldades de comunicações. Vila Real, Lamego, Alijó, Murça, Sabrosa, São João da Pesqueira Vila Nova de Foz Côa e dezenas de aldeias estão construídas em planaltos ou penduradas nas encostas, tão longe quanto possível das cheias, dos calores infernais, das águas estagnadas... A região do Douro é assim, quase inteiramente, a Terra Quente de Trás-os-Montes e Alto Douro, cavada nos planaltos e nas montanhas pelo rio, de que resultou um mundo à parte, um clima diferente e uma vida própria. À volta desta região, uma coroa de montanhas protege-a e marca-lhe as fronteiras. A norte: Montezinho, Lagoaça, Nogueira, Bornes (1200 m), Mogadouro, Reboredo, Candoso, Mairos, Santa Comba, Vilarelho, Falperra (1130 m), São Domingos, Brunheiro, Padrela (1150 m), Alvão (1200 m) e Marão (1400 m). A sul, também de leste para oeste: Marofa, Leomil (1000 m), Piedade, São Domingos de Queimada (1120 m), Nave, Bigorne (1200 m) e Montemuro (1380 m). Foram estas majestades que o rio teve de vencer ardilosamente, pois lhe explorou os pontos fracos, os calcanhares de xisto. Mas são elas que protegem a região de ventos húmidos do Atlântico e dos ventos frios do Norte e de Castela. BARRETO, António (1993), Douro, Lisboa: Edições Inapa S. A, p.37. Por uma questão de sobrevivência o homem transmontano e duriense dedicou-se à lavoura. Sujeito aos caprichos da natureza que por vezes era adversa, ameaçado pela interioridade, a ligação à terra criou um vínculo cultural, uma força física e anímica, no povo destas regiões. O valor cultural e histórico deste espaço tem sido reconhecido por grandes vultos da literatura e da historiografia regional e nacional: António Barreto, António Cabral, João de Araújo Correia, Aquilino Ribeiro, Camilo de Araújo Correia, Manuel Gonçalves da Costa, Miguel Torga, Horácio Cardoso, entre outros, evocaram nos seus textos e poemas a relação da natureza, o espaço físico e cultural com o trabalho do Homem. Consideraram este espaço um património colectivo e não apenas uma mera indicação geográfica. Imortalizaram este espaço, um contexto rural com uma ligação quase ancestral e transcendente, pelo que a herança da vida, do sacrifício, do trabalho, da festa, da religiosidade, do sentimento, ainda sobrevive nesta cultura comunitária. Reflecte-se nas tradições artesanais, na olaria, na actividade da tecelagem, na pirotecnia transmontana, nas festas e romarias, nas oficinas de socaria, na ferraria, na cerâmica, no cesteiro, no artesão de carro de bois, nas rogas, na sega dos fenos, nas vindimas, na cava das vinhas, nas colheitas, na apanha da azeitona, na tosquia das ovelhas, no folclore, no cancioneiro popular, na doçaria, etc. Todos estes elementos mantêm o orgulho deste povo, constituindo uma referência significativa de um retrato humanizado, sentido, descoberto e actualizado a nível nacional de uma cultura permanente, criadora e viva. Todos estes saberes são transmitidos ao longo de gerações. Artes e técnicas tradicionalmente ligados ao trabalho da terra são elemento identificador do espaço geográfico e cultural de Trás-os-Montes e Douro, juntamente com o legado arqueológico que remonta aos tempos pré-históricos, como troços de vias e ruínas de edificações romanas. O espaço geográfico e cultural é a própria natureza, a relação ancestral prende-se com a actividade agrícola do homem do Douro. Este, por sua vez, não foi indiferente às belezas da natureza que o rodeava. Para fazer o seu vinho, os homens do Douro lutaram entre si e contra os outros. Mas também lutaram contra a natureza, esposaram-na, fundiram-se com ela, com amor e ódio. Das encostas fizeram degraus e escadarias; da rocha, terra e jardins; do calor e da secura, vinho. Veja-se que, por exemplo, as referências ao Vinho do Porto que chegam até nós datam de longa data, são numerosas e diversificadas, é difícil estabelecer com rigor a data a partir da qual se deu o seu nascimento. Os testemunhos de granitos e de sarmentos e graínhas carbonizadas descobertos em escavações realizadas lá para os lados do Vale de Covelinhas são prova evidente da sua antiguidade. A própria História universal fala da cultura da vinha e da sua expansão aquando da ocupação da Península Ibérica pelos Romanos. Foi no entanto a partir do séc.XII, e fundamentalmente a partir da criação da nacionalidade portuguesa, que a cultura da vinha na região do Douro mais se evidenciou. A prová-lo os numerosos Forais concedidos às Vilas que um pouco por todo o lado iam aparecendo nas margens do rio Douro. Nos séc. XIV, XV e XVI já eram afamados os vinhos “de cheiro” de Lamego e eram considerados os de “mais dura e mais cheirantes” do Reino que eram enviados para a corte de Lisboa e de Castela. Muito mais tarde, na época Pombalina (1756-1776), embora caracterizada por uma legislação autoritária, é criada a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro e lançam-se os alicerces para uma política que muito prestigiou e dignificou o Vinho do Porto, permitindo à região do Douro um novo desenvolvimento. Mais tarde o oídio, a filoxera e o míldio, conjuntamente com a indisciplina, o lucro fácil, a fraude e o descrédito arrasaram, ano após ano, a Região do Douro. A miséria e a fome instalaram-se durante alguns anos nesta região. Nos anos 20 e 30 dá-se uma nova recuperação, define-se as características do Vinho do Porto e precede-se à delimitação da região. Já em 1986 é promulgado o Decreto-Lei que estabelece o Regulamento da Denominação de Origem do Vinho do Porto e as normas gerais para o sector. Região de grandes contradições, enormes assimetrias, vai certamente continuar a ser palco de grandes acontecimentos. Globalmente o Sector do Vinho do Porto representa para a economia nacional um volume de cerca de 40 milhões de contos, aproximadamente. Vd. MAYSON, Richard (2001), O Porto e o Douro, Lisboa: Quetzal Editores. in À Procura de Uma Identidade Cultural - o trabalho e o lazer no contexto rural do espaço duriense. Cristina Correia*
*Professora Bibliotecária.

Corino de Andrade


"A saúde pública é um capital da Nação, que esta tem o dever de vigiar e auxiliar com o mesmo carinho e zelo com que protege todas as suas outras riquezas. A saúde dos povos interessa às nações, pois sem os homens fortes de alma e corpo estas não podem suportar os esforços que a história lhes impõe." Corino de Andrade

Armando Pinheiro


«A metáfora pode ser um cântaro cheio de poesia, mas a poesia pode dar-se ao luxo de partir o cântaro e continuar a ser o que é.» in Monossílabos, Armando Pinheiro - PORTO

hojeacontecexxi@gmail.com